Dois dias após a apreensão das barras de ouro avaliadas em R$ 23 milhões e transportadas por um avião Sessna que não tinha autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para realizar taxi-aéreo e estava em situação processual de sequestro criminal descobriu-se que a empresa de transporte de valores, FD Gold, de propriedade de Sobrinho que conquistou a vaga de suplente de senador pelo PSDB, nas eleições de 2018, é a sua proprietária.
Mas a suspeita é que a extração do ouro pode ter ocorrido de forma ilegal, cabendo à empresa comprovar a sua procedência. Divulgação fotos/Polícia Federal Sorocaba.
A situação irregular da aeronave se deve a um outro inquérito policial não revelado. Naquele ano outra empresa de Marinho, a D´Gold , também já tinha sido investigada pela PF e Ministério Público Federal contra a lavagem de ouro clandestino, provocando o bloqueio judicial de R$ 186 milhões. Desta vez os 77 kg de ouro teriam origem no Pará e Mato Grosso.
Na tarde de ontem o governador Rodrigo Garcia (PSDB) convocou entrevista coletiva para anunciar que acompanha de perto das investigações e o envolvimento de policiais militares no carregamento do ouro. Os PMs tenente-coronel Marcelo Tasso e sargento Gildsmar Canuto pertencem à Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes, responsável pela segurança do próprio governador.

O avião Sessna, prefixo PR-MPJ, modelo King Air turboélice, pertence à empresa Embravision Trading e operado pela agropecuária Ouro Verde. O PSDB emitiu uma nota na última quinta-feira afirmando que Marinho não está filiado ao PSDB. Os PMs que participavam da escola estavam em dois veículos Toyota Corolla, registrados em nome da FD Gold.
Segundo a Casa Militar os PMs Marcelo Tasso estava afastado de sua função desde outubro de 2021 e em processo administrativo de aposentadoria. Porém, o sargento da ativa Gildsmar foi afastado de suas funções pela Casa Militar, enquanto o sargento Marcelo Dantas se encontra na reserva da Corporação.
Tasso emitiu uma nota oficial explicando que foi contratado pelo próprio dono da FD Gold para fazer a segurança do carregamento e, por isto, contatou PMs de sua confiança para a operação. O governador Rodrigo Garcia, porém, afirmou que a Corregedoria apura se mesmo sob licença e de folga a atividade desenvolvida pelos PMs está dentro da Lei.
“Vou aguardar o fechamento dessa análise dessa Corregedoria para me pronunciar”, observou Garcia.

Além deles faziam escola do carregamento do ouro que desembarcou no Aeroporto de Sorocaba, Bertram Luiz Leupolz, o terceiro-sargento da reserva da PM, Marcelo Dantas e o soldado da PM, Douglas Cristiano Burin. A Secretaria Estadual de Segurança Pública afirmou que todos terão as suas situações apuradas e, segundo nota da Corregedoria da PM, “se constatada alguma irregularidade, as medidas cabíveis serão adotadas”.
Os motoristas Wilson Roberto de Lucca e Marcos Pereira dos Santos também foram flagrados pelos agentes federais durante o transporte do ouro, apreendido no KM 74 da Rodovia Castelo Branco, próximo ao município de Itu. Após deporem na sede da PF em Sorocaba todos foram liberados na última quinta-feira.
A extração de ouro no Brasil e de áreas clandestinas intensificou o debate sobre a preservação da Amazônia nos últimos anos, principalmente após intensificação de operações da Polícia Federal contra a extração ilegal. O olhar atento da PF vem impedindo ainda o aumento da extração irregular de árvores e tráfico de animais de espécie em extinção.
Em Sorocaba a Polícia Federal local também tem participado de grandes operações contra o crime ambiental, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, armas e golpes contra o sistema financeiro nacional.

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